terça-feira, fevereiro 21, 2006

Para Layara, com amor...

São Paulo, 20 de fevereiro de 2006 – 16 anos

Quando eu tinha 16 anos, o presente mais inútil do mundo era um caderno com folhas em branco. Hoje, 10 anos depois penso o contrário. Então, adivinha o que vou te dar?

Quando eu tinha 16 anos queria que tivessem me dito muita coisa para que eu não tivesse quebrado tanto a cabeça. Não que fosse adiantar algo de verdade, mas ia ter me ajudado a entender o quanto o mundo era injusto, e o por que dele não podia ser injusto a meu favor.

Óbvio que você dá de 10 em mim com sua idade. Talvez dê de 10 em mim com uma diferença de 10 anos, vai saber... mas como eu sou babona pra caramba e amo escrever, queria te dar uns conselhos do tipo que você vai ler e guardar na gaveta, listinha tipo “filtro solar”, mas que são coisas que eu aprendi. Se ficar muito longo você pode ler em etapas, e se ficar muito chato, você pode reescrever com suas idéias e ver como é que é.

(Momento nostalgia total:
No dia em que eu fiz 16 anos, fui acordada pelos meus amigos, um buquê de rosas e um sábado com um sol incrível. Isso eram seis horas da manhã. Eles me pegaram e fomos para o jogo Interligas Estaduais de Vôlei, era o jogo final, eu pela primeira vez capitã do time e o meu presente era a vitória. Ganhamos.
E o dia seguiu lindo. Ganhei festa surpresa e teve McDia Feliz.
Com 16 anos, eu achava o Brad Pitt o cara mais lindo do mundo, não suportava a maioria das músicas, queria ser médica – mas acho que quase todo mundo quer – odiava cachorros e tinha a plena certeza que podia conquistar o mundo. Estava em uma escola nova, e não conhecia ninguém, odiava meus pais, achava que nunca ia amar ninguém, que era coisa de fraco chorar, e sabia, o exato momento de levantar a bola, bloquear, e o momento exato de dar a cortada que garantia a vitória.)

Eu poderia te dizer que ter 16 anos não é nem um pouco fácil, mas ter 26 também não é encantador. Mas é uma época, um momento incrível esses 16... é o momento de buscar as coisas que você achava que não ia fazer nunca, de abraçar, beijar e paquerar sem medo de tomar um fora – deixe isso para quando tiver uns 23 anos - e eu poderia te dizer também que seus amigos de hoje, estarão com você para sempre, mas seria uma mentira... se der certo, sobrará apenas um e vocês dois viverão das lembranças de como era legal estar com 16. Nem todos os seus sonhos irão se realizar, então anote os mais importantes para você, recolha-os com cuidado e afeto e vá resgatando-os sempre que possível. As situações que você odeia hoje, serão as coisas que te farão melhor amanhã. Irão te tornar mais humana, mais doce, mais corajosa do que já é. Falo para você escrever seus medos e desencantos, suas sensações e alegrias, por que daqui a 10 anos você verá também que seus medos eram tão bobos e que você sempre foi tão maior do que eles.

Você terá dias difíceis, daqueles que vai ter vontade de se enfiar debaixo da cama e não vai querer sair nunca de lá. Mas não se preocupe, isso não dura para sempre. Nem o medo, nem a tristeza (mas você vai ficar com o aprendizado da situação)

E você terá momentos de tanta alegria, que ao passar do tempo, irá se lembrar daquilo, em uma quarta feira às 14 horas no trabalho e irá abrir um sorriso bobo na frente do micro. E vai viver morrendo de saudade das coisas toscas e imbecis que a gente faz.

Sabe.... de verdade, você vai ouvir um monte de não nessa vida: Que não pode, não serve, agora não, não é o momento, não é o perfil, não, não e não. Mas desanima não (risos), faça de cada não, o seu momento, por que isso é só um jeitinho de testar a sua força, parece que é pra ver até quando você agüenta. E como eu te conheço, sei que um não, não significa nada pra você...

(outra vez nostalgia:
Hoje em dia, eu acho o Brad Pitt tão sem graça que tenho dó da Angelina Jolie. Aprendi a assobiar as baladinhas melosas do U2 para sobreviver a momentos de crise, vivo com saudades da tal do colégio novo, e fico viajando com as cagadas que eu fazia e guardando todas as lembranças com bastante cuidado na cuca. Não suporto ver sangue, sou secretária executiva, educadora, ativista pela paz no meu coração e já não quero conquistar o mundo. Só o meu lugar já me faz feliz. Não me lembro mais como eu sabia o exato momento de levantar a bola, cruzar a quadra correndo e cortar para garantir a vitória. Prefiro o Burguer King ao McDonald’s.
Já não acho que vou morrer de amor. Sei que vou sofrer e muito por causa dele, mas ainda assim acho que vale a pena amar tudo o que se pode de uma vez. E depois que quebrar a cara, deve-se amar de novo, e outra vez e outra vez.
Ah, claro... amo cães e sou mais parecida com os meus pais do que eu gostaria de ser.)

Bem, aproveite como nunca esse novo ano. Faça um monte de coisas inimagináveis, mas com cuidado, por que eu não quero ser responsabilizada depois, né?
Beije, abrace, agarre, amasse. Curta, cante, chore (chorar é pra gente forte, que não tem vergonha de mostrar quem se é), dance. Dance na chuva, descalça, dance como se não tivesse ninguém te olhando, e se tiver alguém de olho, dance em dobro. Abra os braços e corra para alguém que você ame. E se a pessoa não te abraçar, abrace. Faça mimos, trate seus amigos como se fossem um pedaço de você, por que é na verdade o que eles são. Use bem o seu dinheiro, gaste com algo que todo mundo vai achar inútil, mas aquilo vai te fazer feliz. Namore-se. Leve-se ao cinema, já jantar sozinha um dia. Perdi muita coisa boa, por que sempre quis esperar alguém para fazer as coisas comigo. Ria. Mas ria muito, de você, e dos outros.

E lembre-se que tudo vale a pena quando a sua alma não é pequena.

Feliz dia cherrie, atrasado. Mas que todos sejam muito felizes....


quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Coisas de tia coruja e postiça - Surpresa matinal.

Vou contar a surpresa que tive: deve-se às artes de Vanessa. Para quem ainda não sabe, ou para quem já está cansado de saber, falo novamente: Vanzas é a melhor amiga que uma pessoa pode ter.
É alegre e bem humorada, carinhosa, sempre disponível para dar risada ou chorar com você. E, claro, não há nada que a impeça de se aproveitar das situações um pouquinho às vezes.

Entonce, voltando ao motivo da alegria....Vanzas me dará um sobrinho (ou sobrinha) novo. Que bom, por que eu já estava cansada de olhar sempre para as mesmas crianças. E deixá-los mal acostumados, isso sem contar que as mães já não bobeiam e não me deixam ficar mimando as crianças para elas terem trabalho em dobro depois. E melhor ainda: Vanessa me dará além de um sobrinho (ou sobrinha) novo, um meio-irmão-postiço-do qual-eu-não-gosto (também conhecido como futuro marido dela)! Fala a verdade, ela é ou não é a mina?

Lelê e eu, já compramos as primeiras fraldas, mas queríamos comprar também as mamadeiras e os sapatinhos que parecem arranjo de bolo. Tias postiças são sempre assim. Nem precisa saber do sexo do bebê. Só é preciso saber DO bebê.

E a gente já começa a comemorar.

Vou escrever aqui umas coisinhas que mamãe me ensinou....e que com certeza Vanzas irá ensinar para seu futuro (ou futura) catarrentinho (ou catarrentinha):

Minha mãe me ensinou sobre ANTECIPAÇÃO ...
" Espera só até seu pai chegar em casa!"
Minha mãe me ensinou sobre SABER ESPERAR ...
" Calma! Quando chegarmos em casa eu te dou!"
Minha mãe me ensinou a ENFRENTAR OS DESAFIOS ...
" Olhe para mim! Me responda quando eu te fizer uma pergunta!"
Minha mãe me ensinou sobre LÓGICA ...
" Se você cair dessa árvore vai quebrar o pescoço e não vai poder ir ao aniversário da sua prima!"
Minha mãe me ensinou MEDICINA ...
" Para de ficar vesgo menino! Pode bater um vento e você vai ficar assim para sempre!"
Minha mãe me ensinou a SER PREVIDENTE ...
" Se você não passar de ano, você nunca terá um bom emprego!"
Minha mãe me ensinou sobre como ME TORNAR UM ADULTO ...
" Se você não comer os legumes, vai ficar baixinho para sempre!"
Minha mãe me ensinou sobre SEXO ...
" ... e como você acha que você nasceu?"
Minha mãe me ensinou sobre GENÉTICA ...
" Você é igualzinha ao traste do seu pai!"
Minha mãe me ensinou sobre minhas RAÍZES ...
" Tá pensando que nasceu de família rica é?"
Minha mãe me ensinou sobre a SABEDORIA DA IDADE ...
" Quando você tiver a minha idade, você vai entender."
Minha mãe me ensinou sobre JUSTIÇA ...
" Um dia você terá seus filhos e eu espero que eles sejam iguais a você ... aí você vai viver o que é bom!"


É para fechar, só mais uma vez: ÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ!!!!! E conte comigo sempre que precisar. Só não me peça para pegá-lo (ou pegá-la) no colo quando estiver no ápice do choro.

Um beijo bem grande e cheio de satisfação pela novidade.

Entusiasmo (do grego: estar com Deus)

Ah, estou feliz à beça. E nem importa por que*...

Sabia que hoje seria um bom dia, só não havia entendido ainda o porque de estar pensando isso desde ontem... Apenas achei que 16/02 seria um bom dia, e óbvio, o dia começou há pouquíssimo tempo, ainda temos algumas muitas horas para passar, porém, meu dia já está florido.
Já estou feliz com a felicidade daqui do meu lado...adoro isso, quando a alegria faz morada ao meu lado...
Bem, que venham as mudanças t-o-d-a-s.

*importa sim, mas é que eu não posso contar a-i-n-d-a.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Adivinhem no que estou pensando hoje....

"Pode-se prometer atos, mas não sentimentos; pois estes são involuntários.
Quem promete a alguém amá-lo sempre, ou sempre odiá-lo ou ser-lhe sempre fiel, promete algo que não está em seu poder; mas ele pode prometer atos que normalmente são consequência do amor, do ódio, da fidelidade, mas também podem nascer de outros motivos: pois caminhos e motivos diversos conduzem a um ato.
A promessa de sempre amar alguém significa, portanto: enquanto eu te amar, demonstrarei com atos o meu amor; se eu não mais te amar, continuarei praticando esses mesmos atos, ainda que por outros motivos: de modo que na cabeça de nossos semelhantes permanece a ilusão de que o amor é imutável e sempre o mesmo.
Portanto, prometemos a continuidade da aparência do amor quando, cegando a nós mesmos, juramos a alguém amor eterno."


" Nietzsche, in " Humano, demasiado humano"

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Desse jeito assim....

Eu não espero mais a ligação do dia seguinte, e também não corro atrás.
Aprendi que o amor mais importante de todo é o famoso amor próprio.
Continuo acreditando na alma gêmea, na tampa da panela, no cadarço do tênis. O dia que eu desacreditar que isso possa existir então já não haverá mais sentido nenhum em viver. "As pessoas passam a vida esperando encontrar alguém que as ame."
Eu semeio sinceridade pra colher reciprocidade.
Eu vivo de momentos e não prometo o amanhã pra ninguém, só faço o hoje valer a pena pra que o próximo dia seja esperado com entusiasmo.
Eu acredito firmemente que o ser humano é digno quando trabalha, por isso reconheço na figura da minha mãe o esforço incessante de conquistas com seus próprios méritos (e bota mérito nisso). Faço a minha parte pra deixar um mundo legal pros meus filhos morarem, incluindo não jogar lixo no chão. Acredito na política como forma de igualdade social e repudio a ignorância proposital de grande parte que desacredita mas não luta pra mudar.
Ainda vou morar na praia e acordar todos os dias olhando pro mar.
Ainda sustento a esperança de que a Amazônia sempre será nossa. Ainda quero morar em Lucca, na Itália.
Ainda vou ter um marido pra colocar os chinelinhos ao lado dos meus e me dar um beijo de boa noite.